Carta Equador Investimentos – Novembro de 2024
09/12/2024 - Equador InvestimentosReaceleração da Inflação, ritmo da Demanda e deterioração das expectativas corroboram estrutura em alta do dólar e das taxas de juros em 2024-2025
Persistiu mais uma vez a deterioração do balanço de riscos da economia brasileira em novembro, e não vislumbramos mudança relevante em dezembro, mesmo com o anúncio do pacote fiscal, que ficou aquém do esperado, como por exemplo, a proposta de estímulos de demanda pela isenção do imposto de renda no curso de reaceleração da inflação e dúvidas da aprovação do pacote antes do recesso. O ritmo de crescimento do PIB está acima do seu potencial, com contribuição inflacionária e também sinalizada pela diretoria colegiada do Bacen.
De faro, a isenção do Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5 mil/mês deve gerar um impacto estimado a menos de arrecadação de R$ 40 a R$ 45 bilhões, ou seja, significaria elevação do déficit público e da demanda pelo consumo, pois não está garantido o impacto fiscal neutro. Do exterior, ainda persiste frustração com o ritmo da atividade econômica da China e as incertezas da política protecionista da Trump sob a inflação e o contexto de aversão ao risco nos mercados de moedas emergentes. Na ausência de melhoria das expectativas fiscais, seguirá a pressão do câmbio acima de R$ 6,0/US$ no curtíssimo prazo.
As expectativas de inflação seguem desancoradas, pois as medianas do IPCA para 2025 e 2026 não estabilizaram e subiram novamente nos últimos trinta dias, situando-se em 4,4% e 3,81% ( que ainda avaliamos subestimadas), respectivamente. Em nossas cartas mensais desde março já apontávamos risco elevadíssimo do descumprimento do teto da meta, como previsões de inflação superiores à 4,5% de 2024 (com limite superior da projeção de 5,06% no modelo da maior capacidade preditiva) como para 2025.
Há despeito da curva futura doméstica do mercado precificar que a taxa de juros Selic no final do ciclo de aperto monetário possa atingir até uma taxa superior à 13,5% ou mais, a inflação esperada de 2025 - já superior ao centro da meta - continua sendo revista para cima. Isso pode dar margem que outros fatores expansionistas devem estar puxando o IPCA para cima na margem. Nesse caso, a elevação da taxa básica de juros não está sendo suficiente para a convergência. O déficit fiscal nominal tem crescido, de 7,2% em agosto de 2023 para 8,9% em dezembro e para 9,8% em agosto deste ano, e a despeito do maior crescimento do PIB, a dívida pública bruta está em rota ascendente.